domingo, 14 de março de 2010

Ao Vazio



Saio de casa, sigo as luzes, mas só vejo a escuridão. Pessoas sem rosto caminham à minha volta. Ouço risos, alguns soam como de alegria, outros, de sarcasmo. Mas eu não rio. Sinto-me inexpressivo. A angústia vem da alma. Toma conta do meu corpo. E reflete para o vazio moral que me cerca.

Estou aqui, andando sem rumo. Nada mais resta. A noite é fria. O que é certo fazer? Onde está sua mão para esquentar a minha? Ou seu lábio para aquecer os meus? Por que você não vem e me arranca da penumbra onde definha meu coração?

Na esquina, o velho vendedor de flores, já meu conhecido. Foram tantas a s vezes que te comprei rosas... suas favoritas. Agora elas já estão murchas. Na verdade, estavam mesmo antes de você me devolver as chaves do apartamento. Pensei que você cuidasse delas com carinho, mas as flores nem mesmo chegaram a ver a luz do sol que clareava a varanda. A clara luz dissipou-se. A névoa embaça minha vista. Antes fosse seu calor. Ao contrário, a neblina gela a espinha. Minha vista se turva, meu coração entorpece.

Procuro um lugar para me abandonar. Onde está seu colo para eu me deitar? Cadê sua pele, seu toque, para me reconfortar? Por que você não vem e recria aquele estado de felicidade que nos habituamos a compartilhar?

Minhas perguntas vão para o vazio. Ele não me responde.

Nem você.

(Danillo Barros)

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