domingo, 26 de dezembro de 2010

Poema das Mortes

São muitas mortes embutidas
Nas dobras de nossas vidas:
As metas inatingidas,
As amizades desfeitas,
As injustiças, as rejeições,
As incompreensões das mentes estreitas,
As tantas desatenções.
Existe morte, inclusive, na ilusão passageira!
São mortes muitas, antes da derradeira
Morre-se no desamar
E na dor do semelhante.
Morre-se a cada instante
Até mesmo de mal de amor.
Há morte no desencanto,
Quando seca o pranto
E o coração embrutece.
Ouso dizer!
A morte a teia tece
Naquilo que acontece
Ou deixa de acontecer.
A morte, enfim, traz consigo a desfaçatez:
Mil vezes a gente morre
Antes de morrer de vez.

(Lucia Moraes)